segunda-feira, 17 de outubro de 2011

GÊNEROS LITERÁRIOS


GÊNEROS LITERÁRIOS

A LITERATURA É A ARTE QUE SE MANIFESTA PELA PALAVRA, SEJA ELA FALADA OU ESCRITA.
Na Antiguidade Clássica os textos literários dividiam em três gêneros:

GÊNERO LÍRICO
GÊNERO DRAMÁTICO
GÊNERO ÉPICO


Gênero Lírico

Seu nome vem de lira, instrumento musical que acompanhava os cantos dos gregos.
Textos de caráter emocional, centrados na subjetividade dos sentimentos da alma. Tem a presença do “eu-lírico”, a voz que fala no poema . O emissor é personagem única desse tipo de mensagem.

Predominam as palavras e pontuações de 1a. pessoa.

Segundo Aristóteles, a palavra cantada.

É importante ressaltar que o “eu-lírico” pode ser masculino ou feminino, independente do autor.

Assim, podemos encontrar:
Autor masculino eu-lírico masculino
Autor masculino eu- lírico feminino
Autor feminino eu- lírico feminino
Autor feminino eu- lírico masculino

Soneto de Fidelidade
Vinicius de Moraes

(Autor masculino eu-lírico masculino)

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

ESSE CARA
CAETANO VELOSO

(Autor masculino eu-lírico feminino)

Ah que esse cara tem
Me consumido
A mim e a tudo que eu quis
Com seus olhinhos infantis
Como os olhos de um bandido
Ele está na minha vida
Porque quer
Eu estou prá o que der e vier
Ele chega ao anoitecer
Quando vem a madrugada ele some
Ele é quem quer
Ele é o homem
Eu sou apenas uma mulher

FADIGA
CECÍLIA MEIRELES

(Autor feminino eu-lírico feminino)

Estou cansada, tão cansada
Estou tão cansada! que fiz eu?
Estive embalando, noite e dia,
um coração que não dormia
desde que seu amor morreu

Eu lhe dizia: "Deixa a morte
levar teu amor! Não faz mal
É mais belo esse heroísmo triste
de amar uma coisa que existe
só para morrer, afinal!

"Deixa a morte... não chores...dorme!"
Noite e dia eu cantava assim
Mas o coração não falava;
chorava baixinho, chorava,
mesmo como dentro de mim

Era um coração de incertezas,
feito para não ser feliz;
querendo sempre mais que a vida -
sem termo, limite, medida,
como poucas vezes se quis

O tempo era ríspido e amargo
Vinha um negro vento do mar
Tudo gritava, noite e dia,
e nunca ninguém ouviria
aquele coração chorar

MOTIVO
CECÍLIA MEIRELES

(Autor feminino eu-lírico masculino)

“Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem triste:
Sou poeta.
Irmão das coisas fugidias
Não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto e a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada."


RETOMANDO...

GÊNERO LÍRICO:

Tem a presença do eu lírico – que é a voz que fala no poema
Expressa os estados de alma, as emoções , os sentimentos vividos intensamente pelo eu lírico.
Predomínio da 1ª pessoa

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GÊNERO DRAMÁTICO

Drama, em grego, significa "ação".

Textos feitos para serem representados.

O Gênero Dramático se assenta em três eixos importantes: o ator, o texto e o público sem o que não há espetáculo teatral.

Segundo Aristóteles é a palavra representada

O Gênero Dramático compreende as seguintes modalidades:

Tragédia: É a representação de ações dolorosas da condição humana, no caso são pessoas comuns. A ação visa provocar no espectador piedade e terror, terminando em geral de forma fatal. O objetivo era provocar a "catarse" ou purificação. Ex.:

Édipo Rei, de Sófocles

Édipo nasceu em Tebas e era descendente de seu mítico fundador, Cadmos. Seu avô foi Labdacos (o "coxo") e seu pai foi Laios (o "canhoto").
Laios casou-se com Jocasta e teriam sido felizes como reis de Tebas se não fosse um problema: não conseguiam ter filhos. Por essa razão, muito religiosos, foram consultar o Oráculo de Delfos.
No templo, a pitonisa délfica revelou que teriam um filho dentro de pouco tempo, mas que ele estava destinado a matar o pai e casar-se com a mãe.
Eles se alegraram pelo filho. Quando ele nasceu, Laios lembrou-se do oráculo e mandou os servos matarem o bebê.
Levaram-no para uma a floresta, furaram-lhe os pés e o amarraram de ponta cabeça em uma árvore para ser devorado pelos animais selvagens.
Passaram por ali uns pastores de Corinto e o levaram. Deram-no aos reis de Corinto, que também sofriam por não ter um filho. O rei e a rainha adotaram-no como se fosse seu, e lhe deram o nome de Édipo, que quer dizer "pés furados".
Quando cresceu, Édipo começou a sentir-se diferente dos seus concidadãos e foi consultar o Oráculo de Delfos. Aí soube que estava destinado a matar o próprio pai e a casar-se com a mãe. Horrorizado, decidiu não voltar a Corinto, Pegou o carro e foi para bem longe.
Em uma estrada estreita, nas montanhas, encontrou um carro maior na direção contrária. Tentou desviar-se mas os carros acabaram chocando-se de raspão. O cocheiro do outro carro xingou Édipo que, revoltado, o matou. Então o patrão do cocheiro avançou sobre Édipo, que o matou também. E continuou a viagem.
Chegou a Tebas e encontrou a cidade consternada por dois problemas: o rei tinha morrido e um monstro, a Esfinge, estabelecera-se na porta da cidade propondo um enigma. Como ninguém sabia responder, a Esfinge ia matando um por um. Jocasta tinha oferecido sua mão a quem livrasse a cidade desse monstro.
Édipo foi enfrentar a Esfinge. Era um ser estranho, com corpo de leão, patas de boi, asas de águia e rosto humano. Seu enigma: O que é que tem quatro pés de manhã, dois ao meio dia e três à tarde?
Édipo respondeu que era o homem, porque engatinha quando criança, passa a vida andando sobre dois pés mas, velho, tem que recorrer a uma bengala. A Esfinge matou-se e Édipo, casando-se com Jocasta, tornou-se o rei de Tebas.
Tiveram quatro filhos. Os gêmeos Eteócles e Poliníces, Antígona e Ismênia. Foram felizes durante muitos anos. Mas, depois, uma peste assolou a cidade.
Édipo quis ir consultar Delfos, mas foi aconselhado a chamar Tirésias, um velhinho cego e sábio que vivia em Tebas. Este revelou que a causa era o assassino de Laios, que continuava na cidade. Édipo prometeu prendê-lo e matá-lo, mas o sábio revelou que ele mesmo era o assassino, porque Laios era o dono do carro que ele enfrentara.
Jocasta, envergonhada, suicidou-se. Édipo furou os próprios olhos e renunciou ao trono. Cego, precisou ser guiado por Antígona para ir a Delfos. Aí soube que devia ir a um bosque sagrado, em Colonos, perto de Atenas. Ajudado por Teseu, rei de Atenas, chegou lá. Encontrou um lago, onde tomou banho, e uma caverna, onde penetrou depois de mudar de roupa. Entrou na eternidade

Complexo de Édipo - Freud

Freud baseou-se na tragédia de Sófocles (496-406 a.C.),Édipo Rei, para formular o conceito do Complexo de Édipo, a preferência velada do filho pela mãe, acompanhada de uma aversão clara pelo pai.

COMÉDIA

De origem grega, apresentava originalmente personagens de caráter vicioso e vulgar, que protagonizavam atitudes ridículas.
A comédia é uma sátira de comportamentos individuais e coletivos com o intuito moralizante.
Atualmente a comédia representa aspectos da vida cotidiana como tema, provocando o riso.
Ex. "As Aves" de Aristófanes; "Meno-Male!" de Juca de Oliveira; "O Juiz de Paz na Roça" e "O Noviço" de Martins Pena.

Tragicomédia: modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômicos.

Farsa:(origem no século XIV), pequena peça teatral, de caráter ridículo e caricatural, que crítica a sociedade e seus costumes, visando provocar o riso. Ex. "Farsa de Inês Pereira" de Gil Vicente,

O auto (origem na Idade Média), peça breve geralmente feita em verso, contendo conteúdo religioso ou profano. Caracteriza-se por possuir um conteúdo altamente simbólico, onde os atores representam não seres humanos específicos, mas sim entidades abstratas de caráter religioso ou moral (a virtude, o pecado, a beatitude etc).Ex.; "Auto da Barca do Inferno",de Gil Vicente ;"Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna.

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GÊNERO ÉPICO OU NARRATIVO

A palavra "epopéia" vem do grego épos, ‘verso’+ poieô, ‘faço’ e se refere à narrativa em forma de versos, de um fato grandioso e maravilhoso que interessa a um povo.

O gênero épico: narrações de fatos grandiosos, centrados na figura de um herói. Tem a presença de um narrador

É , segundo Aristóteles, a palavra narrada

Provavelmente, a mais antiga das manifestações literárias.
Ele surgiu quando os homens primitivos sentiram necessidade de relatar suas experiências, centradas na dura batalha de sobrevida num mundo caótico, hostil e ameaçador.

Os elementos essenciais ...

Na estrutura épica temos: o narrador, o qual conta a história praticada por outros no passado; a história, a sucessão de acontecimentos; as personagens, em torno das quais giram os fatos; o tempo, o qual geralmente se apresenta no passado e o espaço, local onde se dá a ação das personagens.

Partes da Epopeia

De acordo com as regras do gênero, a epopeia clássica estrutura-se em três partes obrigatórias: Proposição (apresentação do assunto), Invocação (súplica da inspiração) e Narração (desenvolvimento do assunto, por vezes iniciado em meio da ação - in medias res). Pode incluir uma parte facultativa, a Dedicatória (oferecimento da obra). Na Narração, é possível encontrar o Epílogo (fechamento da epopeia) com a consagração dos heróis

Neste gênero, geralmente, há presença de figuras fantasiosas que ajudam ou atrapalham no curso dos acontecimentos.

Presença de mitologia greco-latina - contracenando heróis mitológicos e heróis humanos.

Quando as ações são narradas por versos, temos o poema épico ou Epopeia.

Dentre as principais Epopeias, temos: Ilíada e Odisséia

ILÍADA E ODISSÉIA

Atribui-se a Homero, o maior poeta da Grécia Antiga, a autoria das obras "Ilíada" e "Odisséia", que reconstituem, com riqueza de detalhes, a civilização grega.

Estima-se, que Homero tenha vivido entre os séculos 9 e 8 a.C., e o limite estipulado de sua vida vai até 700 a.C. Sua origem também é incerta, mas os estudiosos do poeta consideram provável que ele tenha nascido em Esmirna ou na Ilha de Quios, na Grécia. Devido à insuficiência de provas, alguns chegam a duvidar da existência de Homero. A obra atribuída a ele foi composta e transmitida oralmente As obras Ilíada e Odisseia são obras atribuídas ao poeta greco-romano Homero, o qual teria vivido por volta do século VIII a. C..
ILÍADA
A guerra de Tróia foi um conflito entre gregos e troianos e durou aproximadamente 10 anos .
Aconteceu por causa do rapto da princesa grega Helena(esposa do rei Menelau)
.O príncipe troiano Paris foi a Esparta ( cidade da Grécia ) acabou apaixonando-se por Helena e a raptou.
Com o rapto de sua esposa o rei ficou enfurecido e fez com que os guerreiros gregos os quais haviam jurado proteger Helena , organizassem um exército , o qual foi comandado pelo general Agamenon.
O cerco á Tróia durou dez anos. Vários soldados foram mortos , inclusive Aquiles ( Após ser atingido no seu ponto fraco , o calcanhar ) .
O conflito terminou após a execução de grande plano do guerreiro Ulisses, o mais esperto e inteligente dos homens gregos .
Sua ideia foi presentear os troianos com um grande cavalo de madeira ,dizendo que os inimigos estavam desistindo da guerra e que o cavalo era um presente de paz.
Os troianos aceitaram o presente e deixaram o enorme cavalo ser conduzido para dentro dos muros protetores da cidade.
Após uma longa noite de comemoração os troianos foram dormir exaustos. Nesse momento , os soldados que estavam escondidos dentro do cavalo atacaram a cidade , abrindo os portões da fortaleza para que os outros guerreiros entrassem e destruíssem Tróia.

CONCLUINDO...


Assim, podemos entender que Ilíada é uma Epopeia pois:
É a narrativa de um fato histórico - A guerra de Tróia
Representado por um herói – Aquiles
Tem a presença do narrador
Tem a presença de deuses da mitologia intervindo em vários momentos.

LEMBRAM-SE DE “OS LUSÍADAS” , DE CAMÕES?

O GÊNERO NARRATIVO é visto como uma variante do Gênero Épico, enquadrando, neste caso, as narrativas em prosa.

TIPOS DE PROSA NARRATIVA

1. ROMANCE: é a obra em prosa narrativa e de ficção mais extensa que existe, por isso contém muitos episódios; é o tipo de narrativa em que várias personagens e ações se inter-relacionada e em que os espaços e as personagens são caracterizados mais detalhadamente. O enredo do romance está sempre na íntegra, ou seja, caso o leitor queira ler sem interrupções a história toda contada no romance, ele pode fazê-lo. Há vários tipos de romances: o policial, o sentimental, o psicológico, o experimental, o histórico, o de aventuras, o de “capa e espada”, o cientificista, etc. Podem ser românticos, realistas-naturalistas, modernistas, etc., quanto ao estilo. Quanto ao espaço predominante na narrativa, podem ser urbanos, regionalistas, intimistas, etc.

2. NOVELA: é a obra em prosa narrativa e de ficção um pouco menos extensa e, por isso, seus elementos são mostrados de maneira mais condensada. Caracteriza-se principalmente por ser UMA NARRATIVA EM CAPÍTULOS, ou seja, o enredo é apresentado ao leitor aos poucos, o que significa que ele só conhecerá a história na íntegra no momento em que terminar a leitura do último capítulo da obra. Mesmo que ele tenha tempo para a leitura, ele não tem material de leitura além do(s) capítulo(s) disponível (eis).
3. CONTO: é uma das narrativas menos extensas que existem (normalmente tem, no máximo, dez páginas); é um mini romance ou um recorte dele: o conto corresponde a UM dos vários episódios de um romance. Por ser uma narrativa muito breve, não há praticamente descrições de espaços e de personagens no conto e seu conteúdo normalmente é a narrativa de um fato ou episódio incomum, curioso e, muitas vezes, sobrenatural ou irreal.
4. CRÔNICA: é a narrativa mais breve que existe; é leve e baseia-se em fatos ou episódios do cotidiano, vistos com humor ou, às vezes, com melancolia.
As outras narrativas que existem, mas em grau de importância menor que as citadas, são:
- A FÁBULA: narrativa literária em que as personagens são seres não humanos personificados e em que o enredo encerra uma “lição de moral”. Normalmente, na fábula, as personagens são animais personificados; quando as personagens são seres inanimados personificados (uma linha e uma agulha, por exemplo), tem-se um APÓLOGO.
- A PARÁBOLA: é uma narrativa que também encerra um ensinamento. As personagens, porém, são humanas. São narrativas comuns às obras religiosas e ao texto bíblico.

Não importa o tipo de narrativa: o que importa é narrar, é levar alguém a viajar para um mundo distante, que não existe nos mapas porque não é real, é ideal. É o mundo onde o impossível é possível, onde nossos defeitos desaparecem, onde nossos sonhos se realizam e de onde não queremos sair. Mas quando saímos desse mundo de fantasia, de mentirinha, de papel, e voltamos à nossa realidade, nosso espírito está tão bem alimentado que somos capazes de perceber que até nele há beleza, há poesia, há amor e há coisas que não conseguíamos captar porque nossa alma estava cega.

LEIAM COM ATENÇÃO, VERIFIQUEM AS DÚVIDAS, PERGUNTEM!
NÃO SE ESQUEÇAM DE QUE HAVERÁ UMA AVALIAÇÃO DE TODOS OS CONTEÚDOS APRESENTADOS!
KIKI

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